Ao completar 60 anos do primeiro transplante, a Espanha hoje, tem muito a se orgulhar e servir de exemplo como um dos países que mais transplantes realizam anualmente.

Os transplantes de órgãos são procedimentos médicos vitais que salvam milhares de vidas todos os anos. Embora existam transplantes em diversos países, a Espanha destaca-se mundialmente, com médias, estatísticas e práticas que servem de exemplo.
Segundo os dados de 2024, a Espanha realizou 6.464 transplantes – o maior número da sua história – numa taxa de 132,8 transplantes por milhão de habitantes. Já em 2023, foram 5.861 transplantes, com uma taxa de 122,1 por milhão. Em todo o mundo, estima‑se que cerca de 140.000 transplantes sejam feitos anualmente em 89 países, embora a demanda supere em muito a oferta.
Principais tipos de transplante na Espanha (2024)
De acordo com o relatório oficial da Organização Nacional de Transplantes (ONT), os transplantes mais comuns foram:
Rins: 4.047 intervenções
Fígado (hepáticos): 1.344
Pulmão: 623
Coração (cardíacos): 347
Pâncreas: 98
Intestino: 5
Tipo de transplante | Quantidade | Percentual aprox 2024
Rins | 4.047 | aproximadamente 63%
Fígado | 1.344 | aproximadamente 21%
Pulmão | 623 | aproximadamente10 %
Coração | 347 | aproximadamente 5%
Pâncreas | 98 | aproximadamente 1.5%
Intestino | 5 | aproximadamente 0.1%
Expectativa de vida após o transplante: o que dizem os estudos?
Uma das dúvidas mais comuns é: quanto tempo vive uma pessoa após receber um órgão? A resposta varia conforme o órgão transplantado, o estado de saúde do paciente, a idade e o acompanhamento médico. No entanto, os dados mostram que os transplantes aumentam significativamente a expectativa e a qualidade de vida em relação à não realização do procedimento.
Veja alguns exemplos baseados em estudos internacionais e registros de transplantes:
Transplante de rim:
A taxa de sobrevivência após transplante renal é de 95% no primeiro ano.
A expectativa média de vida após o transplante é de 10 a 15 anos, podendo chegar a 20 anos ou mais, especialmente em receptores jovens.
Pacientes transplantados vivem em média 10 anos a mais do que os que permanecem em diálise, segundo a National Kidney Foundation dos EUA.
Transplante de fígado:
Sobrevivência média após 1 ano: 90%.
Sobrevida de 5 anos: 75% a 85%.
Expectativa de vida após transplante pode ultrapassar 20 anos, especialmente se o paciente adotar hábitos saudáveis e seguir a medicação.
Transplante de coração:
Taxa de sobrevivência em 1 ano: cerca de 85%.
A média de vida após o transplante é de 13 a 15 anos, embora alguns casos ultrapassem 20 anos com acompanhamento adequado.
Segundo a Cleveland Clinic, há casos documentados de sobrevivência por mais de 30 anos.
Transplante de pulmão:
A taxa de sobrevivência após 5 anos é de cerca de 60% a 65%.
Expectativa média de vida: 6 a 7 anos, podendo chegar a mais de 10 anos em pacientes que respondem bem ao tratamento.
Transplante de pâncreas:
Expectativa de vida aumenta significativamente em pacientes com diabetes tipo 1.
Sobrevida de 5 anos após transplante duplo (rim+pâncreas) ultrapassa 80%.
Resumo: O transplante de órgãos não só salva vidas, como prolonga e melhora a qualidade da vida do paciente. Em quase todos os casos, a sobrevivência é muito superior à de pacientes que continuam apenas com tratamento clínico.
Por que a Espanha lidera o mundo em transplantes?
- Modelo organizativo exemplar
A Organização Nacional de Transplantes (ONT), criada em 1989, é o núcleo central que coordena todo o processo — da doação até a distribuição e transplante, incluindo intercâmbio entre comunidades autônomas. O sistema funciona com coordenadores hospitalares, geralmente médicos intensivistas, que trabalham diretamente nas UTIs para identificar potenciais doadores.
- Elevada taxa de doadores
A Espanha alcançou em 2024 uma taxa de 52,6 doadores falecidos por milhão de habitantes, a mais alta já registrada e o dobro da média europeia (22,9). Essas taxas são superiores às de potências como os Estados Unidos, França ou Itália.
- Avanços em doação em assistolia
A assistolia (ou morte por parada cardiorrespiratória) representa mais da metade dos doadores na Espanha — com 1.316 doadores em 2024 (aumento de 25% em relação a 2023). A Espanha é o único país capaz de realizar transplantes de todos os tipos de órgãos a partir de doadores em assistolia.
- Impulso cultural e alto grau de solidariedade
A Espanha mantém uma das maiores taxas de famílias que autorizam a doação após óbito — cerca de 86% de aprovação familiar. Esse apoio é fruto de campanhas de sensibilização, cultura de solidariedade e confiança no sistema.
- Legislação que protege e incentiva doadores
A legislação nacional garante proteção e direitos aos doadores vivos, como licenças remuneradas para consultas e cobertura de benefícios desde o primeiro dia. Isso reduz barreiras e incentiva doações voluntárias de rim ou parte do fígado.
Importância de declarar-se doador
- Salvar vidas: Um único doador pode salvar até oito pessoas, graças à doação de múltiplos órgãos e tecidos como córneas, ossos, tendões.
- Reduzir listas de espera: Há milhares de pacientes esperando um órgão — quanto mais doadores, menores essas listas e menor o tempo de espera.
- Facilita decisões familiares: Ao informar seus familiares da decisão de doar, facilita-se o processo, dado que o consentimento familiar é essencial nos procedimentos espanhóis.
- Contribuição social valiosa: Doar é um ato altruísta que transforma não só a vida de quem recebe, mas impacta positivamente famílias, profissionais de saúde e a sociedade como um todo.
Comentário final
O modelo espanhol de transplantes é um exemplo global de gestão eficiente, inovação médica e solidariedade cidadã. Com mais de 6.400 transplantes em 2024, taxa recorde de 132,8 por milhão de habitantes, e liderança mundial há 33 anos consecutivos, a Espanha demonstra o poder da organização, da legislação, do apoio familiar e da confiança pública.
Seja no transplante renal, o mais comum, ou em procedimentos altamente complexos como os que envolvem assistolia ou transplante cardiopulmonar, o sucesso depende da disponibilidade de órgãos, do trabalho coordenado de centenas de profissionais e da generosidade dos doadores e suas famílias.
E mais importante: estudos mostram que a vida não só continua após o transplante, como pode se estender por muitos e bons anos, com saúde, qualidade e gratidão.
Muy alentador. Gracias!